Restrição de Crescimento Intra-Uterino

Restrição de Crescimento Intra-uterino

A restrição de crescimento intra-uterino ocorre quando o feto não atinge o tamanho esperado ou determinado pelo seu potencial.  O crescimento fetal é determinado por potenciais genéticos (caso da Gabriela), metabólicos, ou uma junção metabólico-genético, e alterações placentárias. Também estão relacionadas entre as causas para RCIU as infecções como toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, sífilis e malária.

 

Considerando-se o fator causal, a idade gestacional em que ocorre a agressão e os órgãos acometidos, os recém-nascidos com RCIU são classificados em três tipos:

 

Tipo I – Simétrico ou intrínseco: ocorre em 20% dos casos, sendo decorrente de fatores etiológicos que atuam no início da gravidez, na fase de hiperplasia celular, reduzindo o número de células dos órgãos. Tem evolução crônica e os principais fatores etiológicos são as infecções maternas, as alterações cromossômicas e as malformações congênitas. Os fetos constitucionalmente pequenos também apresentam crescimento simétrico, ou seja, são proporcionalmente pequenos, o que pode dificultar o diagnóstico diferencial. Geralmente não apresentam hipóxia (falta de oxigenação) neonatal.

 

Tipo II – Assimétrico ou desproporcional: ocorre em 75% dos casos, sendo geralmente decorrente de insuficiência placentária. A agressão ocorre desde o início do 3.º trimestre da gravidez, na fase de hipertrofia celular, determinando déficit no crescimento celular (hipotrofia). Como consequência observa-se desproporção entre o crescimento do pólo cefálico, do tronco e membros. Essa desproporção resulta da redução da circunferência abdominal, uma vez que o fígado, principal órgão afetado tem seu crescimento prejudicado, caracterizando os fetos como magros, com estatura normal e perímetro cefálico proporcionalmente grande. Nessa fase de hiperplasia ocorre redução da oferta de nutrientes que determina redistribuição dos fluxos sanguíneos para privilegiar órgãos como cérebro, coração e supra-renais. Podem apresentar hipóxia e hipoglicemia (diminuição de glicose).

 

Tipo III – Intermediário ou misto: responde por 5% a 10% dos casos, sendo consequente a processos de agressão tanto na fase de hiperplasia quanto na de hipertrofia do crescimento celular. Os principais fatores etiológicos são desnutrição materna e consumo de drogas ilícitas, álcool, fumo e cafeína. O diagnóstico clínico do tipo III é difícil, sendo geralmente os recém-nascidos classificados como tipo I ou II.

 

O baixo peso ao nascer é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o inferior a 2.500g. O peso ao nascer é determinado por dois processos: duração da gestação e taxa de crescimento fetal. O baixo peso ao nascer, deste modo, pode ser causado por período gestacional curto ou restrição de crescimento intra-uterino ou uma combinação dos dois fatores . Nascimento pré-termo é definido pela OMS como toda gestação com duração inferior

a 37 semanas.

 

A tendência de repetir similar idade gestacional e peso ao nascer em sucessivas gestações vem sendo reportada por muitos estudos, porém, ainda é controverso, se isto se deve a uma inerente tendência a repetição ou pela persistência de fatores de risco.

 

A idade corrigida, também designada idade pós-concepção, traduz o ajuste da idade cronológica em função do grau de prematuridade. Considerando que o ideal seria nascer com 40 semanas de idade gestacional, deve-se descontar da idade cronológica do prematuro, as semanas que faltaram para sua idade gestacional atingir 40 semanas, ou seja, idade corrigida = idade cronológica ( idade gestacional em semanas)- 40 semanas.

 

Embora não esteja totalmente esclarecido até quando devemos corrigir a idade do prematuro, a maioria dos autores recomenda utilizar a idade corrigida na avaliação do crescimento e do desenvolvimento até os 2 anos de idade, a fim de obter a expectativa real para cada criança, sem subestimar o prematuro ao confrontá-lo com os padrões de referência .

 

Além da prematuridade, vários fatores influenciam o crescimento da criança, destacando-se: potencial genético, representado pela estatura dos pais, doenças e complicações da prematuridade e padrão nutricional após a alta hospitalar.

 

Podem ocorrer também alterações no neurodesenvolvimento (que depende mais da idade gestacional e não do peso), atraso no desenvolvimento cognitivo e sequelas neurossensoriais. Porém qualquer caso merece atenção e acompanhamento profissional, indicando a necessidade de terapias adicionais, como; fisioterapia motora e ocular, fonoaudiologia, hidroterapia, terapia ocupacional e cuidados com a nutrição.

A boa qualidade do lar, representada pela estabilidade emocional da família e participação   ativa dos pais, podem melhorar o desempenho da criança e propiciar-lhe boa qualidade de vida.

 

Referências Bibliográficas :

Moreira Neto AR et al. Etiologia da restrição de crescimento intrauterino (RCIU) Com. Ciências Saúde – 22 Sup 1:S21-S30, 2011

Roberto Eduardo Bittar; Marcelo Zugaib Restrição do crescimento fetal: ainda um grande desafio, Rev. Assoc. Med. Bras. vol.49 no.2 São Paulo Abril./Junho 2003

 

Rugolo LM. Crescimento e desenvolvimento a longo prazo do prematuro extremo. J Pediatria (Rio de Janeiro). 2005; vol.81

 

Sclowitz IKT, Santos IS,Fatores de risco na recorrência do baixo peso ao nascer, restrição de crescimento intra-uterino e nascimento pré-termo em sucessivas gestações: um estudo de revisão Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 22(6):1129-1136, jun, 2006

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