Recusa alimentar na infância: o que fazer?

Por Fernanda H. Hille – Nutricionista – CRN2650

A recusa alimentar na infância representa uma das queixas mais frequentes nos consultórios. Ocorre, principalmente, em crianças entre 14 e 60 meses de idade e é determinada, na sua maioria, por fatores múltiplos. É quase sempre impossível fazer uma criança comer diante de uma recusa. Se os pais insistem na oferta, o ambiente fica mais tenso e os alimentos são associados a um confronto, o que pode agravar a recusa alimentar.

Crianças em fase de formação do hábito alimentar não aceitam  novos alimentos prontamente. Essa relutância em consumi-los é conhecido como neofobia, isto é, a criança se nega a experimentar qualquer tipo de alimento desconhecido e que não faça parte de suas preferências alimentares. Para que esse comportamento se modifique, é necessário que a criança prove o novo alimento em torno de 8 a 10 vezes, mesmo que seja em quantidade mínima. Somente dessa forma a criança passa a conhecer o sabor do alimento e a estabelecer seu padrão de aceitação.

O apetite é variável e depende de vários fatores como: idade, atividade física, condição psicológica e a ingestão na refeição anterior. Deve-se estabelecer um tempo definido e suficiente para cada refeição e, se nesse período a criança não aceitar os alimentos, a refeição deve ser encerrada, oferecendo-se algum outro alimento somente na próxima refeição. A oferta de líquidos nos horários das refeições deve ser controlada, o ideal é oferecê-los após a refeição e em pequena quantidade.

De um modo geral, os pais devem ser orientados sobre:

  • Respeitar o direito de a criança ter preferências e aversões;
  • Oferecer os alimentos em quantidades pequenas para encorajar a criança a comer;
  • Se a criança rejeita um determinado alimento, deve-se substituir por outro alimento que possua os mesmos nutrientes ou variar seu preparo;
  • Não forçar, ameaçar punir ou obrigar a criança comer, assim como não oferecer recompensas e agrados, atitudes que reforçam a recusa alimentar e desgastam pais e filhos;
  • Não utilizar brincadeiras tais como o famoso “aviãozinho ou trenzinho”; visto que tais atitudes desviam a atenção e comprometem a percepção dos alimentos;
  • Não demonstrar irritação ou ansiedade no momento da recusa. A criança deve sentir-se confortável no momento da refeição;
  • Estabelecer o tempo de duração e os horários das refeições, evitando a oferta de alimentos a todo o momento;
  • Evitar guloseimas nos intervalos das refeições, pois isto, pode comprometer o apetite da criança;
  • Apresentar os pratos de maneira agradável, com textura própria para a idade, evitando a monotonia alimentar, fator este que interfere de modo significativo na formação do hábito alimentar da criança;
  • Durante a refeição, o ambiente deve ser agradável, na ausência de ruídos, o que distrai a atenção da criança;
  • Participação da criança durante preparo dos alimentos e na montagem do seu prato, uma atitude que incentiva a criança a comer;
  • Respeitar as oscilações passageiras do apetite, as quais ocorrem normalmente em todos os indivíduos;
  • Não disfarçar os alimentos, para que a criança saiba o que está comendo, favorecendo o aprendizado e a identificação de texturas e sabores;
  • Para as crianças que ingerem grandes quantidades de leite, deve-se diminuir o volume e a frequência, uma vez que líquidos suprem a sensação de fome e reduzem o apetite para os alimentos salgados.

Referências bibliográficas:

ABREU, Camila LMA; FISBERG, Mauro. Recusa Alimentar: O que fazer com a criança que não come? Disponível em: www.nutrociencia.com.br

WEFFORT, Virginia RS; LAMOUNIER, Joel A. Nutrição em Pediatria: da neonatologia à adolescência. Barueri, SP: Manole, 2009.

 

1 comentário


  1. Olá Cris, meu sobrinho Biel, ele não é autista, mas sofre (ou sofria) de seletividade alimentar. O que o pai dele começou a fazer e está ajudando MUITO foi desafiar o Biel a experimentar novas coisas, filmar e postar no Youtube. O resultado está sendo ótimo, Biel está muito mais aberto a novidades na alimentação. O mais legal é que li comentários de pessoas que assistiram ao vídeo com o filho dizendo q está ajudando.

    Como a abordagem é bem diferente, queria saber a sua opinião sobre ela.

    Se chama: Prova Isso Filho, os vídeos estão aqui: https://www.youtube.com/channel/UCDRIqSr0tHLdfiMks90_6lA

    Obrigado

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